Um estudo recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) indica que o Rio de Janeiro está próximo de se consolidar como uma das principais potências na chamada Economia Azul. O assunto havia sido antecipado pela subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro, Ana Asti, durante o Fórum Massy Comexlog, que aconteceu nos dias 03 e 04 de outubro no Píer Mauá. O conceito Economia Azul se refere ao uso sustentável dos recursos aquáticos e marítimos, promovendo um desenvolvimento econômico que também assegure o bem-estar social, a preservação dos ecossistemas costeiros e a geração de empregos. A prévia do estudo foi divulgada na última quinta-feira (31/10) durante o Green Rio 2024, evento de sustentabilidade que acontece na Marina da Glória até 02 de novembro. Na ocasião, a entidade oficializou o Rio de Janeiro como um dos polos emergentes da Economia Azul para o Brasil e América Latina.
O relatório da OCDE destaca também os avanços realizados pelo Governo do Estado na despoluição da Baía de Guanabara e no saneamento da região metropolitana do Rio, além de ressaltar a importância de políticas públicas que impulsionem o turismo e a pesca ao longo da costa. De acordo com o Governo do Estado, com base nesse diagnóstico, foi estruturado o Programa Guanabara Azul, voltado a fomentar parcerias entre municípios metropolitanos para captar recursos e desenvolver projetos que incentivem atividades econômicas e inovação tecnológica na região costeira.
Para Bruno Barbeito, diretor-presidente da Massy, trading apoiadora do Fórum Massy Comexlog de soluções logísticas, o relatório pode significar um salto econômico importante para o estado. “O Rio de Janeiro possui potenciais inesgotáveis em termos de sua costa marítima, com uma malha portuária robusta, logística integrada e posição estratégica para o comércio exterior. O uso inteligente e responsável desses recursos é fundamental para transformar o nosso estado em referência nacional e internacional na economia dos oceanos.”
Segundo a OCDE, o Rio de Janeiro desponta entre os estados brasileiros na chamada economia do mar, representando 9,74% do PIB estadual e movimentando cerca de R$ 242,1 bilhões anuais. Em 2021, o setor empregava 301.122 trabalhadores com carteira assinada e respondia por 15,15% das cadeias produtivas ligadas ao mar, sendo a terceira maior faixa costeira do Brasil.
As perspectivas para o setor são promissoras. O relatório antecipa um crescimento expressivo na economia costeira global, que deve movimentar aproximadamente U$ 3 trilhões até 2030. De acordo com o relatório, com a adesão das indústrias, comércio e serviços às práticas sustentáveis, o impacto socioambiental positivo será ampliado, beneficiando diretamente a população que vive na região litorânea, da qual hoje é maioria, cerca de 80%.
O G20 deste ano, que ocorrerá no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro, terá como pauta central também a economia dos oceanos, sendo a Economia Azul um dos principais eixos de debate para a restauração e preservação do ambiente marinho. O estudo completo da OCDE será publicado próximo à reunião da cúpula.
Próximos passos
Em um futuro próximo, o governo do estado do Rio de Janeiro planeja implementar a Política Pública de Economia Azul com uma série de ações, como: mapeamento de indicadores econômicos e sociais da economia marinha; promoção de uma gestão integrada das águas; criação de um fundo para a preservação de ecossistemas aquáticos; e programas de educação para fomentar uma cultura oceânica inclusiva.