Teve início nesta quarta-feira (3/10) o Fórum Massy Comexlog, o maior evento de comércio exterior e logística do Estado do Rio de Janeiro. A abertura da terceira edição do encontro aconteceu na capital fluminense e contou com a presença de autoridades, empresários e referências do setor que debateram o atual cenário do mercado de importação e exportação e os potenciais da cadeia logística no Rio de Janeiro. Segurança, economia azul e a otimização dos custos de importação foram alguns dos assuntos de destaque no primeiro dia do fórum.
“O Rio de Janeiro possui uma infraestrutura portuária robusta, que inclui o Porto do Rio de Janeiro, e uma posição geográfica estratégica que facilita a movimentação de mercadorias. Isso faz do Rio um hub logístico que conecta diversas regiões do Brasil, otimizando as cadeias de suprimentos e reduzindo custos operacionais. Essa dinâmica impulsiona o crescimento da economia local e tem o potencial de promover a competitividade do Brasil no cenário internacional”, comentou o diretor presidente da Massy, Bruno Barbeito, durante a cerimônia de abertura do Fórum Massy Comexlog.
O superintendente adjunto da Receita Federal, Ronaldo Feltrin, reforçou que o Rio de Janeiro está vivendo um momento histórico com a volta do interesse por operações na região e a atração de novos investimentos, evidenciando a retomada do Rio como ponto focal no país. “Vamos receber eventos significativos como o G20 e a Conferência Mundial da Organização Mundial das Aduanas (OMA), que acontecerão em novembro. Isso mostra o tamanho do nosso potencial, que precisa ser explorado”, disse.
Ele também abordou a implementação da Declaração Única de Importação (Duimp), afirmando que “a migração das importações para o Portal Único de Comércio Exterior será feita de forma gradual, sem rupturas no processo”. Segundo Feltrin, o Rio é uma das regiões mais preparadas para essa nova Duimp, que terá a sua implementação total até 2026.
Ao abordar os gargalos atuais do setor de comércio exterior e logística, o superintendente avaliou que é preciso aprimorar o tempo gasto no processo de exportação no Brasil, que atualmente é de 196 horas. “Menos de 5% desse tempo é devido as liberações em órgãos públicos, sendo o processo logístico de chegada e saída do porto o que mais contribui para essa demora. Precisamos discutir o que pode ser feito para encurtar esse tempo”, afirmou.
Porto do Rio recebe mais de R$ 400 milhões
Durante o evento, o presidente da PortosRio, Francisco Martins, ressaltou que os portos do Rio de Janeiro têm sido fundamentais para reforçar o protagonismo econômico e logístico do estado. Ele destacou os recentes investimentos federais em infraestrutura portuária, na ordem de 400 milhões para o Porto do Rio, que incluem a modernização do Cais da Gamboa, as dragagens de canais para a atracação de navios de grande porte, como o Classe New Panamax que tem 366 metros de comprimento, e melhorias na área de segurança portuária, com a cobertura por radar em toda a Baía de Guanabara. “A segurança portuária é um dos fatores cruciais para a competitividade dos portos do Rio, e temos isso como prioridade”, comentou.
Martins também ressaltou que a PortosRio é a quinta empresa estatal federal com melhor índice de execução orçamentária. “Os aportes do governo federal são inéditos e a gestão eficiente da aplicação de recursos públicos é primordial para aumentar a competitividade do porto e apoiar o crescimento econômico da região e do país. Temos como previsão fechar o ano de 2024 com uma taxa de execução orçamentária de 50% dos recursos aplicados”, disse.
Já o diretor presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CODIN), Fábio Picanço, aproveitou a abertura do Fórum Massy Comexlog para alertar sobre a importância do movimento ‘Todos pelo Rio’, que tem como objetivo disseminar as qualidades do estado para o restante do país. “O que precisamos fazer é divulgar mais quais são as nossas virtudes. É importante promover as notícias boas sobre o Rio de Janeiro. Temos um ambiente de negócios muito favorável, com a sinergia nas relações entre todos os atores do setor. Esse deve ser o nosso foco”, disse.
Otimização de custos na importação
O fundador da Makers Consultores e consultor da Massy Smart Trading, Heleno Maffra, palestrou sobre a composição de custos no processo de importação, um dos temas mais esperados pelos congressistas do evento.
Maffra apresentou uma aula sobre os aspectos que envolvem o custo de importação e como formar o preço de venda. O consultor explicou o conceito de Declaração de Importação (DI), suas implicações fiscais, e a relevância da correta classificação mercadorias, considerando a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Também esclareceu os detalhes de impostos como PIS, Confins e ICMS. Além disso, Heleno reforçou a importância do RioComex, sistema de benefícios fiscais do governo estadual do Rio de Janeiro. “Esse recurso permite postergar o ICMS para a saída da mercadoria, o que já ajuda a gestão financeira da operação”, explicou.
“A tributação no país é complexa. É de extrema importância que as empresas de importação e exportação de mercadorias tenham um profissional com expertise em todas as questões ligadas à tributação e precificação do produto final. A visão clara dos fatores que impactam o preço de venda são essenciais para a rentabilidade da operação”, completou o painelista.
Economia Azul
A economia azul, modelo de desenvolvimento sustentável que visa o uso responsável dos recursos marinhos e costeiros, também foi uma das pautas de destaque da abertura do evento.
A subsecretária de sustentabilidade do governo do Estado do Rio Janeiro, Ana Asti, falou sobre a meta de universalizar o saneamento básico na Região Metropolitana do Rio de Janeiro até 2033. “Para desenvolver a economia azul, é preciso ter o saneamento básico resolvido”, afirmou.
Segundo ela, o projeto de 35 anos da concessão de saneamento básico para o desenvolvimento sustentável do Rio abrange toda a região metropolitana e a previsão é que, em 10 anos, 90% do saneamento básico esteja concluído. “Isso vai inaugurar uma nova realidade ambiental e uma nova economia no Estado”, acrescentou, ressaltando que o foco no meio ambiente pode transformar a economia local.
Entre os impactos positivos, Ana citou a retomada da balneabilidade das praias da Baía de Guanabara como uma das grandes conquistas esperadas. Além disso, ela revelou que, em outubro, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentará um estudo inédito sobre a governança da economia azul na região metropolitana do Rio, juntamente com um plano de ações.
Outra iniciativa neste sentido de economia azul, é a criação do Centro Integrado de Gestão da Baía de Guanabara, que permitirá o monitoramento em tempo real de dados como temperatura, correntes marítimas, níveis de poluição, deslocamento de embarcações e lançamento de efluentes. “Esse sistema vai nos dar um controle mais efetivo da região”, explicou. Ana também mencionou o programa Blue Rio, que busca tecnologias inovadoras e apoia startups no desenvolvimento de soluções para desafios locais.
O Fórum Massy Comexlog segue até sexta-feira (04/10), no Armazém 1 do Píer Mauá, no Rio de Janeiro. Mais informações: massycomexlog.com.br